sábado, 29 de março de 2008

O que eu ando fazendo!

FOTO ACIMA: Cena do belíssimo "5 Centimeters Per Second"

Estou aproveitando que não tenho alugado filmes para ver desenhos.
É isso mesmo, estou evitando ao máximo de ir à Supervideolocadora, pois meu filho menor simplesmente não deixa ninguém lá de casa sentado por muito tempo. Não consigo nem imaginar de onde ele tira tanta energia, ele é um dínamo de energia inesgotável.
Quem me conhece sabe que adoro desenhos animados, e como eles são geralmente mais curtos do que os filmes, estou aproveitando e colocando em dia vários animes (desenhos animados japoneses).
FOTO ACIMA: O menino Gen chora de tristeza em "Gen - Pés Descalços"

Pra começar vi o anime em longa-metragem “Gen – Pés Descalços”.
Baseado nos mangás de Keiji Nakasawa, o desenho conta a história real de Gen (alter-ego do autor), um garoto que sobrevive à explosão da bomba atômica de Hiroshima. O desenho é da década de 80 e é, no mínimo, impressionante!
Começamos vendo o dia-a-dia da família de Gen, suas aventuras para conseguir algo para comer numa Hiroshima que já sentia os efeitos da Segunda Grande Guerra. Conhecemos a família de Gen, seu pai honesto e trabalhador, sua mãe grávida, sua irmã protetora, e seu irmão menor – uma das figuras mais simpáticas que já vi num desenho animado.
A vida da família é dura, mas todos se amam e vivem em harmonia mesmo com todas as dificuldades.
Então os EUA lançam a bomba atômica na cidade. O desenho não poupa o espectador. Pessoas de todas as idades, incluindo bebês, têm os corpos despedaçados, os olhos se despregam de suas faces, e ainda começam a vomitar as próprias tripas. Tudo voa pelos ares! A seqüência da explosão da bomba é de uma tristeza esmagadora. Como um país pôde mandar uma bomba dessa magnitude, chacinando milhares de pessoas num instante?
Na segunda parte do desenho, acompanhamos Gen tentando sobreviver em meio ao caos e procurando comida para sua mãe grávida, que já estava desnutrida.
Acontece algo no fim do desenho que é de deixar qualquer um arrasado de tristeza. Pra chorar por uns 10 minutos, no mínimo.
“Gen – Pés Descalços” é uma obra-prima. Às vezes o desenho é alegre, triste, dramático, e principalmente muito tocante.
Desenho que todos americanos deveriam ser obrigados a ver.

FOTO ACIMA: A belíssima e ambiciosa Faye Valentine, de "Cowboy Bebop"

Outro anime que eu era louco pra ver era o “Cowboy Bebop”. Finalmente consegui todos os 26 episódios desse desenho, e também o anime em longa-metragem chamado “Cowboy Bebop – O Filme”.
O desenho é sobre um grupo de cowboys (caçadores de recompensa) que vivem na nave espacial Bebop. Daí vem o título do anime.
Os personagens principais são:
- Spike - O “fodão” do desenho. Ele é bom na luta corporal e com as armas. Vive com fome e chuta as coisas que não funcionam. É calado e não comenta nada sobre seu passado.
- Jet – O dono da nave Bebop. Era policial mas uma desventura amorosa e a traição de um amigo o fizeram partir pro espaço.
- Faye Valentine – Bela e fatal, Faye é viciada em jogos de azar, é ambiciosa, não se preocupa com os amigos e não sabe nada sobre o próprio passado.
A história se passa muito no futuro, quando o homem já ocupou vários planetas de nosso sistema solar. Mas as histórias do anime não levam muito em conta o fator “ficção científica”. O desenho é basicamente um drama, com cenas de ação ocasionais.
A qualidade da animação é de babar, com cenas de luta que devem ter dado muito trabalho para serem desenvolvidas.
Mas duas coisas chamam mais a atenção em “Cowboy Bebop”. Uma delas é a personalidade de seus protagonistas. Eles são tão ricos em história e caráter, que quando a série acabou eu fiquei meio que me sentindo sozinho por um tempo. Eles foram uma ótima companhia para mim e curtir as suas aventuras era uma delícia.
Outro elemento que ajudou a fazer a fama de “Cowboy Bebop” foi sua trilha sonora. Minha nossa, o que é aquilo?
Blues, Jazz e Rock and Roll, de altíssima qualidade, num desenho animado é uma coisa raríssima de se ouvir.
Enfim, “Cowboy Bebop” é excelente do primeiro ao último episódio, mas aí vai um aviso: o fim da série é muito, muito triste. O último episódio tem uma cena de morte que é uma das mais belas já realizadas, incluindo aí até filmes.
“Cowboy Bebop” é um desenho que se começa vendo com um certo interesse, achando bacana. Mas por volta do quarto episódio já estamos apaixonados pelos personagens. Pena que foram só 26 episódios. Poderia durar pra sempre.

FOTO ACIMA: A beleza de "5 Centimeters Per Second"

Continuando nos animes, ontem eu vi mais um longa-metragem, apesar de ter apenas 1h de duração. Foi o filme “5 Centimeters Per Second”. Lançado em 2007, o filme não foi lançado oficialmente no Brasil, por isso não tem título nacional.
“5 Centimeters Per Second” se passa na atualidade e é sobre dois jovens que se amam mas não sabem se expressar. Os anos vão se passando e a promessa que eles não fizeram de ficar juntos está cada vez mais difícil de se concretizar.
É um filme introspectivo, com poucos diálogos e uma trilha sonora maravilhosa. Difícil não se emocionar nos 4 minutos finais, com a belíssima música que toca ao fundo.
Mas o charme do desenho é mesmo o visual. Nunca, repito, nunca em toda a minha vida eu vi um desenho tão bonito visualmente quanto “5 Centimeters Per Second”. Cada frame do desenho poderia virar um quadro sem dificuldade. Se você der uma pausa em seu DVD durante qualquer parte do filme, tirar uma foto e mandar imprimir, você terá em mãos uma obra de arte. Só vendo pra crer!

FOTO ACIMA: Mais uma obra de arte em "5 Centimeters Per Second"

Mudando drasticamente de assunto, e a Fórmula1, você está acompanhando?
Comecei o ano decidido a ver todas as corridas e resoluto a torcer por Felipe Massa, que pelo terceiro ano consecutivo pilota o melhor carro, da Ferrari.
Mas aí vem um balde de água fria.
Na primeira curva da primeira corrida ele roda sozinho na pista. Pouco depois, Felipe Massa tenta uma ultrapassagem em um local totalmente inapropriado para tal manobra e bate, tirando outro carro da corrida. Ele continua, mas pára logo em seguida com problema no motor, provavelmente ocorrido pela batida anterior.
A segunda corrida da temporada vem com uma esperança, Massa larga em primeiro. Depois de algumas voltas com seu companheiro de equipe em seu calcanhar, ele perde o primeiro lugar no pit stop. Já em segundo lugar e tentando alcançar o Kimi Haikonnen, eis que Massa roda sozinho na pista seca, atolando o carro nas britas. Mais um erro bisonho!
Como torcer pra um sujeito desses?
Eu gostaria de ver o Massa correndo sem erros, transmitindo confiança ao público brasileiro.
Gostaria de ver o Massa concentrado na prova, atento a tudo.
Gostaria de ver o Massa pisando fundo, se distanciando do segundo lugar, colocando vantagem de tempo em seus adversários.
Mas infelizmente isso não está acontecendo. O que estou vendo é um Massa com déficit de atenção, estabanado nas ultrapassagens, com desculpas esfarrapadas (o erro nunca é dele, é do carro, do vento, da equipe, do cisco no olho...), enfim, imaturo.
Repare como ele é inconstante nas voltas que faz. Numa volta ele é o mais rápido da pista, na outra ele faz 40 décimos a menos, na próxima ele faz 30 décimos a menos e na seguinte ele é o mais rápido novamente...Inconstante!
A pergunta que eu faço é: isso é qualidade para alguém que almeja ser campeão?
Vou ser sincero aqui, Felipe Massa correndo dessa maneira NUNCA será campeão. Ele até irá ganhar alguns Grandes Prêmios esse ano, mas sua imaturidade o impedirá de conquistar o campeonato. Realmente é muito pouco pra quem pilota há 3 anos o melhor e mais famoso carro da Fórmula 1.
O sobrinho de minha esposa fica todo ofendido quando falo do Felipe Massa pra ele, então vou falar desse piloto por aqui mesmo no blog, pois sei que é um local que ele não freqüenta.
Continuo torcendo pro Massa, mas já vi que será a mesma coisa que torcer pra bandido em filme de mocinho.

A gente se fala novamente na semana que vem, com mais desenhos animados.

terça-feira, 18 de março de 2008

Senhor da Guerra


Antes de começar a ler a crítica, quero deixar bem claro o que os filmes do Rambo representam para mim.
Quando “Rambo – Programado Para Matar” estreou em 1982 eu tinha apenas 10 anos e não pude vê-lo no cinema. O problema foi contornado quando meu pai alugou o filme em VHS anos depois. Lembro até hoje que a cópia do filme era pirata, já que o original ainda não havia sido lançado em vídeo.
Assisti a “Rambo II – A Missão” num cinema de Uberlândia em 1987. Na verdade o filme estreou no Brasil em 1985, mas naquela época os filmes de sucesso sempre eram relançados nos cinemas, prática que já não é realizada mais hoje em dia. Mas antes mesmo de ver o “Rambo II” no cinema, eu já o tinha visto numa cópia pirata de vídeo. Naquele tempo ainda era uma prática muito comum de se alugar filmes piratas. Era raro até de encontrar uma locadora só com vídeos originais.
Já o “Rambo III” eu vi pela primeira vez em um cinema de Uberlândia, quando ele foi lançado oficialmente em 1988.
Comecei relatando isso tudo pra você ter uma idéia que os filmes do Rambo fizeram parte de minha infância e adolescência, e são filmes que eu vi e revi várias vezes, sozinho ou acompanhado. Já os vi tantas vezes como outros filmes considerados “clássicos” da minha geração, como “Os Goonies”, “Curtindo a Vida Adoidado” e “De Volta Para o Futuro”.

Dito isso, vamos ao que eu achei do quarto filme da série, “Rambo IV”.

A história começa com Rambo vivendo sozinho na selva da Tailândia, caçando cobras que serão vendidas para uma atração de circo. Um grupo missionário pede para ele que os leve em seu barco até a Birmânia, país que faz fronteira com a Tailândia, pois Rambo é o único que conhece o longo caminho pelo rio. Após a insistência da garota do grupo, Rambo decide leva-los ao país em guerra.

Vou abrir um parágrafo aqui para uma explicação: a Birmânia é um país que vive em guerra civil há mais de 60 anos. De acordo com organizações governamentais, é o país onde se estende o maior conflito armado da história. Logo após as filmagens o país mudou o nome para Mianmar, mas os conflitos continuam.

Não demora muito e o acampamento onde está o grupo missionário é atacado pela milícia local. O ataque é brutal e Stallone (roteirista e diretor) não economiza na realidade das cenas. Pessoas explodem com o impacto dos mísseis, outros voam pelos ares com a ameaça das minas, crianças levam tiros na testa e mulheres são estupradas em pleno campo de batalha.
Tudo isso é filmado de forma bastante gráfica, com muito sangue jorrando para todos os lados. Palmas para Stallone, que não fez um filme para ter baixa censura, para lotar cinemas. E ele ainda jogou na cara do espectador a maneira de como uma guerra é de verdade. Aquilo mostrado na tela é a realidade, e por mais chocante que seja, não lembro de ver um filme que tenha tido coragem de demonstrar tais absurdos de modo tão explícito.
Essa cena é ótima por dois motivos, apresentar o vilões que Rambo terá de despachar e mostrar a crueldade do Capitão da milícia. De cara o espectador pegará raiva do sujeito. Ele será a última pessoa a morrer no filme, já que Rambo reservou uma maneira muito especial de matá-lo (hehe).

Voltando à história, alheio a tudo isso, Rambo é avisado que os missionários foram feitos prisioneiros (inclusive a mulher) e é contratado para levar um grupo de mercenários ao mesmo local onde deixou o grupo anterior.

Não vou contar mais da história, mas a partir daí, Rambo, que sempre procurou viver pacificamente, estará em seu ambiente natural – vivendo novamente uma guerra. “Matar é tão natural quanto respirar”, diz ele.

Prepare-se então para um festival de carnificina. Flechadas, pancadas, tiros e facadas impõem o ritmo da matança. Escoriações, estripações, esquartejamentos, estrangulamentos, cabeças decepadas. Tudo isso regado a muito sangue e num ritmo alucinante promovendo a glória de Rambo, que sabe que nasceu para matar e infligir dor.

Para você ter uma idéia, o jornal ‘Los Angeles Times’ contou quantas pessoas morrem em “Rambo IV”. Ao todo são 236 mortes, quase 3 por minuto de filme. Filme este que é bem pequeno, pois “Rambo IV” tem apenas 1:20h.

Eu daria 4 estrelas para “Rambo IV” se não fossem três defeitos fatais:
1º - Não há “aquela cena”, aquele momento impactante que quando saímos do cinema gostamos de comentar e relembrar. Os três filmes anteriores são recheados desses momentos.
2º - Quantidade não é qualidade. Seria melhor ver 5 mortes bem filmadas do que ver o herói matando 200 inimigos com uma metralhadora.
3º - Não há a famosa cena em que Rambo amarra os cabelos com uma fita vermelha na testa.

Dito isso, admito que gostei do filme. A trilha sonora clássica causa arrepios e os efeitos especiais estão excelentes – repare como é bem feita a cena em que Rambo explode aquela bomba atômica na floresta (sim, ela faz isso!). Os efeitos visuais contribuem muito para o nível de massacre, já que as pernas, braços, cabeças, tripas e sangue que voam pelos ares no filme foram feitos, na maioria das vezes, em computação gráfica. A qualidade dessas cenas é impecável.

No mais, é sempre bom ver Rambo atirar flechas certeiras, mesmo correndo em alta velocidade. É bom demais também torcer para o herói nos momentos tensos. E várias vezes no filme eu me peguei torcendo para ele, assim como fazia muitos anos atrás, com as minhas surradas fitas de vídeo.
Agora é só esperar que “Rambo V” chegue o mais rápido possível aos cinemas, já que este “Rambo IV” faturou muito bem ao redor do mundo. O Stallone não perdeu tempo e já está escrevendo o roteiro.

Enquanto isso, vou ali na Supervideolocadora alugar os filmes anteriores, pois a vontade de revê-los bateu com força. (***)

sábado, 8 de março de 2008

Querem me enlouquecer!

FOTO ACIMA: Pensei em colocar o cantor do "Créu" com um alvo desenhado na testa, mas achei que uma foto da Jessica Biel ficaria bem melhor!

Opa!
Tudo bem?

Vou aproveitar que não estou vendo filmes ultimamente para fazer mais uma atualização diferente. Hoje vou falar sobre dois assuntos, um deles é sobre música.
Aliás, musica não, mas de uma aberração da natureza, algo que creio que você já deve ter ouvido falar ou até mesmo ter tido o imenso desprazer de escutar.
Estou falando da “Créu”.

Todos os anos, principalmente no verão, surge alguma coisa desse nível aqui nesse Brasil. Já fomos vítimas de “Egüinha Pocotó”, “É o Tchan”, “Festa no Apê”, “Vai Lacraia”, “Calypso”, “RBD”, e de outras bandas e “coisas” (que eu não consigo chamar de música).

Sem contar as infinitas duplas sertanejas que brotam aos montes de algum fosso fétido, sempre com as mesmas rimas, com as mesmas capas de cd’s, com os mesmos títulos das músicas, os mesmos cabelos, com uma fórmula que parece ser inesgotável.

Mas agora, essa “Créu” é o fim da picada!
No último domingo acordei ao som desse desastre de proporção catastrófica e fiquei com dor de cabeça o resto do dia. O vizinho arrebentou suas caixas de som no volume máximo com a “Créu” e eu, pobre coitado, quase desejei morrer. As janelas da casa do sujeito tremiam e a minha cabeça ficou estourando de dor o dia inteiro.

Às vezes, alguém liga para a rádio pedindo essa coisa. A voz do outro lado da linha pergunta: “Ceis tem a Créu?”.
Ou então é assim: “Ceis passa a Créu?”.
Pelo visto o nível de inteligência das pessoas que escutam essa monstruosidade está no mesmo patamar da música.

Outra coisa que não consigo entender é esse meu vizinho, que escuta “Créu” e logo depois coloca um Queen. Como uma banda tão boa, com tantos clássicos, pode rodar no mesmo CdPlayer que toca a “Créu”?
Eu não entendo! Eu não entendo! Será que querem me enlouquecer?

FOTO ACIMA: Celular com câmera de última geração!

Outro assunto que quero falar é sobre o celular.
Quando perguntam para mim o número de meu celular e eu digo que não possuo o aparelho as pessoas costumam ficar quase chocadas.
O fato é que as empresas que comercializam as linhas investem tanto em marketing que as pessoas sentem necessidade de possuir um celular.

Eu não tenho interesse algum em cair na armadilha dessas empresas por dois motivos.

Primeiro – Não vejo razão em possuir um celular.
Quando não estou em casa eu estou no trabalho, e nos dois lugares tem telefone. Incrível, não?
É mesmo impressionante!
De quê serviria um celular nesse caso? Quem quiser falar comigo é só ligar para um desses dois locais. Simples, não é?
Mas aí vem alguém e pergunta: “como você faz quando vai viajar?”.
Será que as pessoas não viajavam antes da criação do celular? Não tem um orelhão em cada posto na estrada?
Em todas as viagens que fiz eu só tive problema em uma, que foi contornado facilmente quando alguém parou no acostamento para me ajudar.

Segunda razão – Eu tenho raiva de celular, eu admito.
Raiva das pessoas se sentirem obrigadas a possuir o aparelho.
Raiva de estar no cinema e um celular qualquer tocar, me desconcentrando.
Raiva de algum mal-educado que passa na rua gritando ao aparelho.
Raiva de estar num bom bate-papo e o celular do outro tocar, interrompendo a conversa.
Raiva daqueles aborrecentes que ficam dando “toques” nos celulares dos colegas sem parar, vez após outra.
Raiva dos que ligam de celular a cobrar para o meu trabalho.
E ainda tem aqueles que sempre mudam o número do celular, como um rapaz que trabalha comigo, que já trocou de número e de operadora inúmeras vezes.
Haja saco!
Aposto que você já passou por pelos menos cinco das situações citadas acima.

Eu só teria um celular em duas ocasiões:
Se eu fosse um vendedor autônomo, desses que não param em lugar algum.

Ou então se eu fosse um empresário com 3 lojas (uma matriz e duas filiais).
Se eu tivesse apenas duas lojas eu ainda não possuiria celular. Ora, se eu não estivesse numa loja eu estaria na outra.

O problema é que as pessoas sofreram lavagem cerebral e se sentem na obrigação de ter um celular. Muitas realmente precisam do aparelho, mas a grande maioria tem por ter, pra falar que tem.

Na próxima semana eu volto para mais uma atualização. Isso se eu não der muitas cabeçadas na parede e vir a falecer, é claro.
Abração!

sábado, 1 de março de 2008

"Rattlesnakes" - Lloyd Cole (Um Relato)


Acima, capa do disco "Rattlesnakes"

Que bom estar novamente com você, para mais uma atualização. Espero que me perdoe sobre o assunto de hoje, pois vou aproveitar que não fui à Supervideolocadora alugar filmes e fazer uma atualização diferente.

Há muito tempo quero falar sobre o disco que marcou minha vida, “Rattlesnakes”, primeiro álbum da banda Lloyd Cole and the Commotions.
O disco foi lançado originalmente no fim de 1984, mas só tive a oportunidade de escutá-lo no início de 1990.
Já comentei sobre ele aqui nesse blog, mas gostaria de deixar as minhas impressões de cada música do álbum, o que eu senti quando escutei cada canção pela primeira vez.


A primeira música do disco foi justamente a música de trabalho (aquela que toca nas rádios primeiro). “Perfect Skin” tem uma levada dançante, com guitarras e violões fazendo muito barulho e a indefectível voz de Lloyd, que consegue a proeza de cantar um rock agitado com melancolia. Lembro que quando a ouvi, causou uma boa impressão em mim, mas nada extraordinário, pensei. Eu nem imaginava que ouviria aquela mesma música outras 17.854.687 vezes!

A segunda canção, “Speedboat”, é melhor. Maior do que a primeira e ainda agitada, a música serve com um bom cartão de visita do som de Lloyd Cole, que como já disse antes, consegue imprimir uma tocante melancolia até nas mais agitadas canções. Repare como ele só canta o refrão inteiro na última estrofe da música, tornando-a mais atraente e misteriosa. “Speedboat” chamou muito a minha atenção e, de cara, passei a me identificar com o som da banda.

“Rattlesnakes”, a canção que dá título ao disco, é bem rock and roll. Rápida, com uso de sintetizadores e com o som do contrabaixo em destaque. A música é certeira em seu propósito, simples e efetiva. A essa altura eu já estava gostando muito, mas muito mesmo, da banda. E ainda só estava na terceira música.

“Down On Mission Street” é a primeira baladinha do disco. E que música linda! A voz grave e cheia de falsetes de Lloyd Cole não ficou menos do que perfeita nessa canção. Nessa hora eu já queria muito comprar o disco.

Então começou a “Forest Fire”.
Foi aí que tomei o primeiro soco no estômago naquele dia. Em certa parte a letra diz:
“I believe in love
I’ll Believe in anything
That’s gonna get me what I want
And get me off my knees”.
Algo como: “Eu acredito no amor, eu acreditarei em qualquer coisa, que me dê o que eu quero, e que me levante de meus joelhos”. Achei fenomenal tudo isso, e a letra inteira cheia de metáforas para a paixão, muito poderosa.
Com o ritmo sempre crescente e com um final instrumental grande e apoteótico, “Forest Fire” é uma das mais belas músicas que já ouvi. Eu já estava fisgado. Faltava ainda um lado inteiro do disco e eu já estava completamente apaixonado pela banda.


O lado B começa com “Charlotte Street”. Canção eficaz dentro de seu propósito de abrir bem o lado menos comercial do disco. Lembro que nessa época o CD ainda estava engatinhado e os discos de vinil reinavam absolutos. Bonita música, bem tocada e cantada, mas nada impressionante.

A próxima do disco tem um nome estranho para os brasileiros. “2cv” é o nome de um carro francês da Citroen. Também é o nome de mais uma sensacional canção do disco, totalmente tocada só com um violão e a voz de Lloyd. A melancolia do cantor atinge um ponto alto nessa canção, tanto pela excelente letra como pela irresistível melodia. A frase final da canção, que é dita repetidas vezes, ficou ecoando pela minha cabeça: “We were simply wasting precious time”.
Belíssima canção!

“For Flights Up” é pequena e agitada. Por essa música dá pra se ter uma idéia do potencial vocal de Lloyd Cole, que canta sem engolir palavras, com muito fôlego e o principal, com classe. Repare como a canção, mesmo “quente”, transmite uma certa aura de tristeza.

“Patience” começa com algo inédito até ali, um coro com vozes femininas. A voz de Lloyd atinge agudos impressionantes nessa canção, que tem uma letra cativante e uma melodia irretocável. Uma das minhas preferidas entre todos os discos lançados por ele.
A partir daí eu já tinha a absoluta certeza que, daquele momento em diante, eu não teria somente aquele disco especificamente, mas TODOS os discos e seria o “fã número 1” de Lloyd Cole em todo mundo. Mas ainda faltava escutar a última música do disco.

O que eu posso dizer de “Are You Ready To Be Heartbroken”?
Que é linda? Maravilhosa? Perfeita?
Poderia arrumar qualquer outro adjetivo para a canção, mas isso não mudaria o fato de “Are You Ready To Be Heartbroken?” ser a MAIS BELA MÚSICA QUE JÁ OUVI EM TODA MINHA VIDA!
Ela tem um pouco mais de 2 minutos, não tem refrão e não tem pretensão. Mas naquela hora eu levei o segundo soco no estômago do dia. O estrago já estava feito.

Aí está o meu relato de como me senti ao escutar “Rattlesnakes” pela primeira vez. O disco tem pouco mais de 34 minutos de duração, mas são os minutos que fizeram toda a diferença em minha existência, daquele momento em diante.
A partir daí eu adquiri todos os discos dele. Alguns bons e outros razoáveis, mas pelo menos dois são obras-primas, o “Don’t Get Weird On Me, Babe” e o “Love Story”. Esses dois álbuns são perfeitos da primeira à última música!


Com o passar do tempo, fui apresentando o som de Lloyd Cole para outras pessoas, conhecidos, colegas de trabalho e amigos. Para minha tristeza, nunca aconteceu da música dele apresentar o mesmo efeito que senti em outra pessoa. Mas essa situação eu admito como um equívoco meu.
Música é cultura. E a cultura, como forma de arte, atinge as pessoas de modo diferente. O que é belo pra você pode não ser belo para mim. Mas como sou um estúpido eu custei a aprender essa lição.
Um recado para as mulheres que reclamam que não tem fotos de homem no meu blog: aproveitem esse post pois voltaremos ao normal na próxima atualização, com o que realmente interessa, mulheres!
A gente se vê daqui uns dias. Abração!