terça-feira, 18 de março de 2008

Senhor da Guerra


Antes de começar a ler a crítica, quero deixar bem claro o que os filmes do Rambo representam para mim.
Quando “Rambo – Programado Para Matar” estreou em 1982 eu tinha apenas 10 anos e não pude vê-lo no cinema. O problema foi contornado quando meu pai alugou o filme em VHS anos depois. Lembro até hoje que a cópia do filme era pirata, já que o original ainda não havia sido lançado em vídeo.
Assisti a “Rambo II – A Missão” num cinema de Uberlândia em 1987. Na verdade o filme estreou no Brasil em 1985, mas naquela época os filmes de sucesso sempre eram relançados nos cinemas, prática que já não é realizada mais hoje em dia. Mas antes mesmo de ver o “Rambo II” no cinema, eu já o tinha visto numa cópia pirata de vídeo. Naquele tempo ainda era uma prática muito comum de se alugar filmes piratas. Era raro até de encontrar uma locadora só com vídeos originais.
Já o “Rambo III” eu vi pela primeira vez em um cinema de Uberlândia, quando ele foi lançado oficialmente em 1988.
Comecei relatando isso tudo pra você ter uma idéia que os filmes do Rambo fizeram parte de minha infância e adolescência, e são filmes que eu vi e revi várias vezes, sozinho ou acompanhado. Já os vi tantas vezes como outros filmes considerados “clássicos” da minha geração, como “Os Goonies”, “Curtindo a Vida Adoidado” e “De Volta Para o Futuro”.

Dito isso, vamos ao que eu achei do quarto filme da série, “Rambo IV”.

A história começa com Rambo vivendo sozinho na selva da Tailândia, caçando cobras que serão vendidas para uma atração de circo. Um grupo missionário pede para ele que os leve em seu barco até a Birmânia, país que faz fronteira com a Tailândia, pois Rambo é o único que conhece o longo caminho pelo rio. Após a insistência da garota do grupo, Rambo decide leva-los ao país em guerra.

Vou abrir um parágrafo aqui para uma explicação: a Birmânia é um país que vive em guerra civil há mais de 60 anos. De acordo com organizações governamentais, é o país onde se estende o maior conflito armado da história. Logo após as filmagens o país mudou o nome para Mianmar, mas os conflitos continuam.

Não demora muito e o acampamento onde está o grupo missionário é atacado pela milícia local. O ataque é brutal e Stallone (roteirista e diretor) não economiza na realidade das cenas. Pessoas explodem com o impacto dos mísseis, outros voam pelos ares com a ameaça das minas, crianças levam tiros na testa e mulheres são estupradas em pleno campo de batalha.
Tudo isso é filmado de forma bastante gráfica, com muito sangue jorrando para todos os lados. Palmas para Stallone, que não fez um filme para ter baixa censura, para lotar cinemas. E ele ainda jogou na cara do espectador a maneira de como uma guerra é de verdade. Aquilo mostrado na tela é a realidade, e por mais chocante que seja, não lembro de ver um filme que tenha tido coragem de demonstrar tais absurdos de modo tão explícito.
Essa cena é ótima por dois motivos, apresentar o vilões que Rambo terá de despachar e mostrar a crueldade do Capitão da milícia. De cara o espectador pegará raiva do sujeito. Ele será a última pessoa a morrer no filme, já que Rambo reservou uma maneira muito especial de matá-lo (hehe).

Voltando à história, alheio a tudo isso, Rambo é avisado que os missionários foram feitos prisioneiros (inclusive a mulher) e é contratado para levar um grupo de mercenários ao mesmo local onde deixou o grupo anterior.

Não vou contar mais da história, mas a partir daí, Rambo, que sempre procurou viver pacificamente, estará em seu ambiente natural – vivendo novamente uma guerra. “Matar é tão natural quanto respirar”, diz ele.

Prepare-se então para um festival de carnificina. Flechadas, pancadas, tiros e facadas impõem o ritmo da matança. Escoriações, estripações, esquartejamentos, estrangulamentos, cabeças decepadas. Tudo isso regado a muito sangue e num ritmo alucinante promovendo a glória de Rambo, que sabe que nasceu para matar e infligir dor.

Para você ter uma idéia, o jornal ‘Los Angeles Times’ contou quantas pessoas morrem em “Rambo IV”. Ao todo são 236 mortes, quase 3 por minuto de filme. Filme este que é bem pequeno, pois “Rambo IV” tem apenas 1:20h.

Eu daria 4 estrelas para “Rambo IV” se não fossem três defeitos fatais:
1º - Não há “aquela cena”, aquele momento impactante que quando saímos do cinema gostamos de comentar e relembrar. Os três filmes anteriores são recheados desses momentos.
2º - Quantidade não é qualidade. Seria melhor ver 5 mortes bem filmadas do que ver o herói matando 200 inimigos com uma metralhadora.
3º - Não há a famosa cena em que Rambo amarra os cabelos com uma fita vermelha na testa.

Dito isso, admito que gostei do filme. A trilha sonora clássica causa arrepios e os efeitos especiais estão excelentes – repare como é bem feita a cena em que Rambo explode aquela bomba atômica na floresta (sim, ela faz isso!). Os efeitos visuais contribuem muito para o nível de massacre, já que as pernas, braços, cabeças, tripas e sangue que voam pelos ares no filme foram feitos, na maioria das vezes, em computação gráfica. A qualidade dessas cenas é impecável.

No mais, é sempre bom ver Rambo atirar flechas certeiras, mesmo correndo em alta velocidade. É bom demais também torcer para o herói nos momentos tensos. E várias vezes no filme eu me peguei torcendo para ele, assim como fazia muitos anos atrás, com as minhas surradas fitas de vídeo.
Agora é só esperar que “Rambo V” chegue o mais rápido possível aos cinemas, já que este “Rambo IV” faturou muito bem ao redor do mundo. O Stallone não perdeu tempo e já está escrevendo o roteiro.

Enquanto isso, vou ali na Supervideolocadora alugar os filmes anteriores, pois a vontade de revê-los bateu com força. (***)

3 comentários:

Fabiano Ribeiro disse...

Temos que deixar claro para quem detona o filme do “Rambo”, que aquilo não é novela, e sim “Rambo” ao cubo!Das antigas.Primo torto do Cobra.
Se fosse um filme todo perfeito e sem exageros, não seria o exército de um homem só que já conhecíamos e esperávamos.
Cinema é assim.

Anônimo disse...

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Ok, ok, você me convenceu, Adrian! Vou conferir "Bambi IV" neste final de semana (depois que as crianças dormirem). Depois agente comenta. Abração!