quarta-feira, 16 de maio de 2007

Lloyd Cole e eu


O ano era 1990. Eu havia acabado de me mudar para Manhuaçu com meus pais e minha irmã. E eu tinha 17 anos.
Naquela época eu já era completamente vidrado em rádio e já sacava muito de pop-rock, pelo menos aquele pop-rock que tocava direto nas rádios e que eu havia aprendido a gostar desde o início da década de 80.
Blitz, Legião Urbana, A-Ha, Capital Inicial, Kid Abelha, Ultraje a Rigor, Titãs, Lobão, Pet Shop Boys, Biquíni Cavadão... Os locutores só tocavam essas bandas nas rádios, e a galera curtia bastante. Eu tentava ficar por dentro de tudo que rolava de novo na época, comprando revistas e ouvindo cada vez mais rádio.

Mas eu não sabia nada de rock alternativo. Na verdade eu não sabia nem que existia um cenário com rock alternativo.
Aprendi algumas coisas com um pessoal muito bacana de Manhuaçu. A turma era formada por Christian, Edmundo, João e Mércio. O Christian tinha vários discos na casa dele e aos poucos ele foi me apresentando a bandas como R.E.M., Love and Rockets, The Railway Children, a fase boa do David Bowie, Ultravox, The Church, Style Council e muitas outras novidades. Eu estava completamente fascinado por aquelas novas bandas e enquanto a gente ia batendo um papo, falando sobre cinema e música, eu ia absorvendo tudo que o Christian colocava na vitrola (em 1990 cd era novidade pra ricos). Na época ninguém trabalhava e a gente ficava de papo a tarde inteira, só curtindo música.

Estava tudo indo bem até que um dia o Christian colocou pra tocar um disco chamado “Rattlesnakes”. O nome da banda era Lloyd Cole and the Commotions.

Naquele momento o meu mundo mudou. Parecia que eu havia sido atingido por uma bola de canhão na boca do estômago. A sensação que eu tive era que aquele disco havia sido feito pra mim. Nunca na minha vida eu tinha me identificado tanto com um som, ou com uma voz, ou com as melodias daquele disco.
No mesmo dia pedi o disco emprestado para gravar, mas o Christian não emprestava discos. Alías, emprestar ele emprestava, mas só para os outros rapazes da turma, que ele já conhecia há anos e sabia que eles não iriam arranhar os discos ou manuseá-los de forma errada. Não adiantava nada eu explicar para ele que teria cuidado e que devolveria o mais rápido possível. Quem me “salvou” foi o Mércio, que além de ter o “Rattlesnakes”, possuía também os outros 2 discos lançados pelo Lloyd, “Easy Pieces” e “Mainstream”. Depois de devidamente gravados, comecei a prazerosa tarefa de decorar todas as músicas do cantor, coisa que faço até hoje, depois de muitos anos acompanhando e comprando tudo que é lançado por Lloyd Cole. O Mércio também é o culpado por eu ser um locutor de FM, mas essa é uma outra história.

Com o tempo a paixão pelas músicas do cantor não diminuiu, só aumentou, apesar de eu admitir que ele já fez algumas canções que não me agradam. Afinal de contas eu sou um fã (talvez o maior em todo mundo, como eu gosto de pensar), mas não um fanático. Devemos gostar das coisas na medida certa para não perdermos a capacidade de avaliar e julgar aquilo que nos agrada. Devemos agir assim com tudo na vida, creio eu. Ou não (como diria Caetano Veloso).

Aí está a discografia do Lloyd Cole, com uns pequenos comentários críticos:
“Rattlesnakes” (1984) – Disco genial, obra prima, excelente...
“Easy Pieces” (1985) – Muito bom, mas sem grandes canções de destaque.
“Mainstream” (1987) – Muito bom, mas sem grandes canções de destaque.
“1984 – 1989” (1989) – Primeira coletânea, excelente!
“Lloyd Cole” (1990) – Primeiro disco solo, muito bom.
“Don´t Get Weird on me, Babe” (1991) – Excelente! Grande disco!
“Bad Vibes” (1993) – Álbum irregular, com algumas boas canções, mas fraco no geral.
“Love Story” (1995) – Excelente! Mais uma obra-prima!
“The Collection” (1998) – Mais uma coletânea, com os Commotions e em carreira solo. Excelente!
“The Negatives” (2000) – Muito bom, mas sem grandes canções de destaque.
“Plastic Wood” (2001) – Disco instrumental bizarro, totalmente tocado por Lloyd. Muito ruim!
“E.T.C.” (2001) – Grande disco! Muito bom mesmo!
“Music in a Foreing Language” (2003) – Disco melancólico, ainda assim muito bom.
“Rattlesnakes DeLuxe Edition” (2004) – Obra-prima melhorada com novas músicas. Imperdível!
“Antidepressant” (2006) – Mais um disco extremamente melancólico. Muito bom.

Se você se interessou em conhecer o som de Lloyd Cole, aí estão algumas músicas dele que eu gosto muito, pra você baixar na internet.
“Are You Ready to be Heartbroken”
“Forest Fire”
“A Long Way Down”
“For Crying Out Loud”
“Happy for You”
“Half of Everything”
“Happy for You”
“I Didn't Know That You Cared”
“Jennifer She Said”
“Man Enough”
“No Blue Skies”
“Patience”
“Pay for It”
“Sentimental Fool”
“That Boy”

2 comentários:

Unknown disse...

Olá Adriano. Tudo bem? Estou acompanhando diariamente seu blog. Estou gostando bastante... Beijo. Desirrê.

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e